segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Prepare o seu coração...

Não quero idealizar o ano que chega.

Não quero fazer votos.

Não quero me escravizar a compromissos.

Não quero circular dias na agenda.

Não quero entrar na roda-viva de um mundo que não me conhece mas que busca roubar minha alma.

Quero saber de onde venho.

Quero nutrir minhas raízes.

Quero reafirmar minha identidade.

Quero me alimentar de minhas antigas histórias.

Quero ter consciência de que é preciso dizer não.

Quero seguir em frente, mesmo vendo a morte.

Somente assim terei o que contar.

Somente assim reconhecerei que há coisas fora do lugar.

Somente assim poderei, mesmo que ingenuamente, pensar que há coisas a serem consertadas.

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar, eu vivo prá consertar


Disparada, de Geraldo Vandré, me chama, me prepara, me alimenta para mais um ano.

Ouça Disparada na versão original do Festival de Música de 1966 e em nova interpretação. Ambas por Jair Rodrigues.

http://www.youtube.com/watch?v=82dRs2z6iQs

http://globotv.globo.com/rede-globo/altas-horas/v/jair-rodrigues-se-apresenta-com-o-disparada/2555864/

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Querido Jesus...

Querido Jesus, a cristandade está próxima de comemorar teu nascimento. Cerimônias serão realizadas, haverá apresentações musicais, encontros entre amigos e familiares. Alegria, comida, bebida.

De minha parte, gostaria apenas de fazer alguns pedidos no teu dia.

Querido Jesus, que neste natal a tua experiência de nascimento humilde, em uma família pobre, em um lugar emprestado de animais, envolto em panos rotos, o leve a olhar para tantas crianças no Brasil que passam por experiência semelhante ou pior.

Muitas delas não gozarão do privilégio que você teve. Elas não chegarão a erguer-se em suas próprias pernas, não terão a oportunidade de chamar os pais pelo nome, não farão uma refeição sozinhas. Elas nascerão mortas ou deixarão suas tristes vidas minutos ou horas após suas mães as tomarem em seus braços.

Os pequeninos serão vítimas de políticas governamentais equivocadas ou criminosas, feitas por gente que privilegia votos e despreza crianças.

Esses bebês são gerados por mães desnutridas e famintas, conhecendo a luz em casebres e barracos indigentes. Seus pais choram em silêncio, dia após dia, ao verem os filhos pedindo comida e não tendo o que oferecer.

Querido Jesus, olhe para essas crianças e mude o destino delas. Permita que a estrela que brilhou em Belém também fulgure sobre seus lares. Faça com que a estrela conduza magos com presentes até elas. Os presentes podem ser bem mais simples e humildes do que aqueles que você recebeu. Basta algum dinheiro para medicamentos, poucas trocas de roupa, ou mesmo alguns pacotes de fraldas.

Ah, e não se esqueça, querido Jesus, que nas cidades onde essas crianças nascerem exista pelo menos um posto de atendimento médico, com pelo menos um pediatra. Muitos recém-nascidos precisam deles. E não há problema com as filas. Os pais estão acostumados a elas.

Querido Jesus, que existam pessoas que festejem a chegada desses humildes bebês como os anjos ao anunciar o teu nascimento. Que eles sejam visitados por pessoas alegres como os pastores que foram vê-lo. Que os pequeninos sejam abraçados por Simeão e Ana, como avós fazem com seus netos desejados e queridos.

Querido Jesus, peço que as crianças pobres e humildes do Brasil gozem da mesma experiência tua: crescer em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.

Jesus, se me permite, gostaria de alterar a ordem das palavras. Que, antes de tudo, as crianças pobres e sofredoras do Brasil cresçam em "estatura". Afinal, muitas deixam a vida ainda pequeninas, nunca chegando a experimentar a sabedoria e a graça que o Senhor tem para elas.

Querido Jesus, pedi muito? Acho que não. O senhor, que antes de ser verdadeiro homem-Deus foi uma verdadeira criança-Deus, certamente compreenderá meus pedidos.