domingo, 30 de novembro de 2014

Encontros de final de ano

Saímos para o almoço de domingo. Dezembro às portas, um clima de natal no ar, pessoas alegres... Muito alegres.

Fomos a uma churrascaria. Chegamos relativamente cedo e conseguimos uma mesa rapidamente.

O garçom nos conduziu à nossa mesa localizada na lateral do restaurante, ao fundo. Ao chegarmos, estranhamos o barulho. Uma família que sentava-se quase ao mesmo tempo que nós, ao nosso lado, também comentou sobre o ruído.

- Val... Val... Val...

Havia uma reunião familiar bem junto a nós. Várias mesas reunidas, tios, tias, primos, avós, avôs, netinhos. Todos estavam lá. Todos!

Não conheço esse pessoal, mas sei que uma delas chama-se Val. - Val... Val... Val...

Um homem chamava incessantemente a tal da Val. Mas ele precisava saber que não havia necessidade que todo o restaurante tomasse conhecimento de que ele precisava falar com a Val.

Risadas, cumprimentos, um tal de gente chegando, tapinhas nas costas, elogios (até imagino as mulheres: “nossa, como você está linda! Emagreceu?”; homens: olha o tamanho da barriga, tomando todas, ô meu!”).

E o tal que não se cansava: - Val... Val... Val...

Depois de um pouco de observação (sim, não havia como não observar a algazarra), Claudia concluiu que não era uma mera reunião familiar; era, de fato, a comemoração do batizado de uma menininha vestida como princesa: roupinha branca, tiara, etc. E soubemos mais: a Val era a mãe da criança!
Alegria de uns (eles), tristeza de outros (nós). Eu, Claudia e João Guilherme praticamente não conseguíamos ouvir um ao outro, tamanho o barulho que a moçada do batismo fazia.

Por fim, acabou a festança. Novos tapinhas nas costas, elogios, falação. – Val... Val... Val... E o pessoal vai embora.

Continuamos nosso almoço. Agora conseguíamos conversar. Sobre o quê? Ah, não sabe? Sobre a Val e seu pessoal, claro!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O natal chegou em janeiro

Natal é sinônimo de presentes. Para aqueles que têm dinheiro, o prazer de dar. Para aqueles que não o tem, a esperança de receber.

Natal é sinônimo de festa. Comida, bebida, encontro com familiares e amigos queridos, encontro com outros não tão queridos assim...

Natal é sinônimo de cristandade. Missas, cultos, celebrações, espírito natalino/cristão no ar, músicas especiais.

Natal é sinônimo de dezembro. Entra novembro e o clima começa a mudar. As lojas se enfeitam, as propagandas na TV estimulam as compras, os shoppings se iluminam. Em dezembro, está tudo pronto. O mês vive em função do natal.

Natal é sinônimo de criança. Afinal a história toda começa com um bebezinho que chega inesperadamente em um lar palestino. Maria fica grávida ainda virgem, José procura entender o que está acontecendo. A criança muda suas vidas. Definitivamente.

Mateus chegou em janeiro. E com ele iniciamos formalmente nosso natal, em janeiro. Alegria de pais, tios, avós.

Chegou envolto em preocupações. Gestação difícil, meses de tensão. Mas ao ver a luz, o vemos perfeito. Complicações fazem de seus primeiros dois meses de vida um constante ir e vir de casa para hospitais. Consultas, pronto-socorro, internações. Sofremos todos. Mas bastava um sorriso, um soninho em nosso colo para nos fortalecer.

É o primeiro natal que eu e Claudia passamos como avós. Experiência especial. Vermos nosso sangue se projetando para o futuro dá um sentido especial à vida. Concretiza a sensação da existência que se estende para além de nós.

Mateus trouxe o natal para janeiro. E o projetou para os meses seguintes. Afinal, a saúde que estabilizou, os quilos ganhos, os primeiros dentinhos, a primeira gatinhada, configuram suas pequenas/grandes conquistas. E mostram como da fraqueza surge a força, a coragem, a persistência.

Estamos próximos do natal. Duas crianças se encontrarão. Mateus, que nos trouxe alegria, e o menino Jesus, que trouxe a salvação. Duas crianças tão distantes e, ao mesmo tempo, tão próximas. Elas serão apresentadas. Tenho certeza que se darão muito bem.