sexta-feira, 24 de julho de 2015

Mateus, o menino que pegou o sol

Manhã bonita de inverno, estou em meu quarto ajeitando algumas coisas e ligando o computador para mais um dia de trabalho. Claudia, minha esposa, igualmente começa sua rotina recolhendo roupas para lavar e deixando o quarto pronto para um novo dia.

Em meio às ações que fazemos quase mecanicamente, Mateus, nosso netinho de um ano e meio entra no quarto. Claro, paramos tudo para dar atenção a ele. Mexe aqui, tira uma coisa do lugar ali, quer sentar à frente do computador. Quando uma criança está presente o mundo para. Pelo menos para os avós.

A janela está aberta e por ela entram o ar fresco da manhã e um raio de sol. Ele cruza boa parte do ambiente indo instalar-se no meio do quarto. Mateus descobre o sol.

Estica a mãozinha até ser tocado pelo feixe de luz. Ri. Retira a mão e a coloca novamente. Misteriosamente o sol some e ressurge. Mateus ri com prazer. Nós, deixando a posição de expectadores, entramos na brincadeira. Brincamos de pegar o sol. Interrompo o raio com a palma da mão aberta e, ao ser iluminada, fecho-a rapidamente. Mostro a mão fechada para Mateus e digo que peguei o sol. Quando abro, decepção, o sol fugiu! Mateus faz o mesmo e ri. Rimos com ele e nos divertimos.

Ficamos um tempo brincando com Mateus de pegar o sol. Sabemos pelas leis da física que isso não é possível. Mateus ainda não sabe. Ele pegou, de fato, o sol. Várias vezes! E isso deu prazer a ele e a nós.

Pegar o sol. Como nós adultos precisamos voltar a fazer isso! Sentir seu calor, ver, em sua extensão, a perfeição de seu percurso, a explosão de cores que ele traz. Brincar de prendê-lo. De guardá-lo para nós. Claro, isso é impossível. Mas o prazer que sentimos, isso sim, é real, muito real. Tão real como as gargalhadas de Mateus.

Nessa manhã de inverno ensolarada nosso netinho nos deu outra lição. Ou melhor, nos convidou novamente para sentirmos os prazeres mínimos, mas belos, da vida. Brincar de pegar o sol. Permitir que o irreal, o desejo, o prazer, o sonho, guiem nossas vidas. Nem que seja por um pouquinho de tempo.

Precisamos disso. Carecemos disso. Obrigado, Mateus, por ter pego o sol!